sábado, 2 de julho de 2011

CONFIDÊNCIAS DE AMOR EM TRÊS CAPÍTULOS - TOMO III



A  M  O  R       F  O  G  O - F  Á  T  U  O


          Eu já vejo saudade por todo lugar. Percorrer teu corpo e sentir sua intimidade não passaram incólumes por meu coração. Eu sofrí a perda da pessoa que melhor me conheceu...E que mais me amou. Fui pontual ao te conhecer, fui leal como um canino. Mas o que podemos fazer se a conta de luz e da água e de todas as minhas dívidas não nos querem ver felizes. Possuo cicatrizes dos sofrimentos que sofrí naquele dia em que você não enxergou quem eu sou e qual o significado da sua pessoa para minha vida. "Nunca imaginei ficar sem você e não dividir minha vida com você...As cicatrizes estão desaparecendo...Mas as cicatrizes amocionais, contudo,  perduram. Estou mais forte, mais sábio, menos ingênuo. Estou cético, desconfiado...Temeroso e magoado... é solitário ser eu." Não é fácil amar, acreditar no amor e viver o desamor como se fôssemos ângulos opostos pelo vértice. É triste e desolador viver o amor-razão. Ponderar o amor é como viver com rédeas, tal qual quiséssemos andar de carro com freio de mão acionado. É muito triste parar o acalanto que sentia com tua forma de abraçar. Ouvir você dizer:  "Você me completa". Com a inocência da pureza de uma uma criança. Tuas curvas, teu cheiro que ficaram nos lençóis, a saudade está por todo lado...E o coração partido. Quero apenas me regenerar da extirpação do meu sentimento que a sua respiração ofegante me causou. Como um anacoreta estou, e terei que me acestizar diante de ti, sei que estou numa aravia baixa mas também sei que minhas palavras cortam mais do que navalhava afiada. Foram as vicissitudes que modificaram nosso curso natural. Sim, tentei ser altruísta, cheio de esperança acreditando que o amor jamais acaba. Não se vence sem amar! Vou levar p'ras profundezas oceâncias nossos sentimentos... Ficar te aguardando e ver o teu sorriso ao se abrir a porta, aliás,  ficar na expetativa de te aguardar e ver você chegar foi para mim como sentir um pouco do que é ser filho do Criador, e às vezes sentir também, por pura dádiva divina,  o que é ser filho e ser pai. Vou te contemplar sempre pelo curto espaço temporal que tivemos na intensa qualidade, fomos por algum momento eternidade. Vou te guardar e te proteger num nicho muito especial pois te amei e vou esperar o teu sorriso chegar... Sua pessoa chegar... Te abraçar... Dizer: Eu te amo meu amor ! Eu te anistio em nome da liberdade do amor. Mais uma vez eu morrí, pois morrí sempre que o amor foi apunhalado... Mas você continua viva, sorridente, confiante e feliz na minha memória. Quero ser como Fênix, preciso renascer das cinzas.
          Sei que à maneira que você gozou foi tão forte quanto os remorsos e as dores sentidas fincadas pelos pais suicidas.

                                        Recife, agosto de 2008.
                              WALKER LIMA












M  A  R  A  C  A  T  Ú         B  R  I  T    N  I  C  O



          Por trás da Biblioteca Pública de Olinda em plena natureza daquela praça "in natura" eu te ví nua e, no torno, quem desvirginou quem? Foi ali mesmo naquela praça em pleno carnaval olidense que dias após eu te levei e tirei tua tanguinha pele de tigre, você tigresa, bem próximo da Avenida da Liberdade, em Olinda-Carmo. Você deve ter sentido o cheiro do vinho licoroso e delicioso que  eu adquiria na Matriz do Carmo, diretamente com os Padres, sabe o que é viagem... Tempos antes havia te encontrado em plena Av. Guararapes em Recife e após uma cerveja bem gelada tomada num daqueles bares já decadentes mas com conservado encanto dos anos 50, fomos para um prédio daqueles que ficam acima das marquizes da Rua da Concórdia e subimos e ficamos num quarto onde somente nós éramos juvens. Tua cor jamais esquecerei e o brilho do luar sobre a tua pele, tua forma toda bem feita, teu jeito mimado de falar e o pessoal eclético e mambembe da tua turma... Daquele quarto eu ficava vendo a publicidade feita de neon azul, era assim: Dois pinguins saíam, um da direita e outro da esquerda e se encontravam no centro sob o círculo que formava a marca da cervejaria e ai acendia o letreiro "Antáctica - A Cerveja Nossa". 
          Da última vez que te vi,  você estava morando em Londres e dançava maracatú por lá, meu amor.

WALKER LIMA
Olinda. Fev. 2009




















e










L   U   Í   Z   A       M  E  U       A  M  O  R


          Bem ali detrás da capela que servia para a oblação dos encarcerados do Aljube de Olinda, em Pernambuco, nós nos enroscávamos sobre aqueles pregos fincados no chão com intuito de serem evitados que casais desavisados tivessem a ousadia de fazer aquilo que nós fizemos num misto de heresia e santidades, sim estávamos separados do mundo naquele momento que sua tez brilhava entre o moreno cabocla e o negro lunar, eu nem sentia aquela cama de faquir porque teus cabelos pretos ficavam enroscando no meu rosto. Sabe Luíza, antes desse encontro instintivo que chegamos a pular juntos o muro que circunda a pequena capela daquela oitocentista cadeia eclesiática, mesmo antes de suarmos juntos ali entrelaçados pelo amor, eu já tinha a imagem instantânea e viva dos seus cabelos, fixada  no exato dia que cheguei a Bodocongó, em Campina  Grande, na Paraíba, bem no Planalto da Borborema: A inesquecível visão dos teus encantadores cabelos de bela moça, simplesmente enlouquecí. Depois nossos papos bem em frente à praia de Boa Viagem, no Recife. Me lembro como agora da tua conversa-cabeça de dizer: Observe o nível  da água do alto mar e veja que nós estamos na beira mar bem abaixo da linha do horizonte do alto mar, eu ficava matutando naquilo...Teu belo apartamento com aquele jeito de ter 3 planos, fantástica aquela arquitetura nos levou para embolarmos numa simples rede. Você fez questão de construir comigo o inesquecível, até ao extremo do teu jeito vanguardista quando um dia "roubou" aquele fusquinha verde água da garagem dos teus pais e vi como estou vendo agora a lembrança quando você parou o carro na minha frente e os meus olhos ficaram cintilantes pelos cromados, daí você abriu a porta para eu entrar naquela tarde e fomos nos amar naquela espelunca chamada nem sei de quê, mas que tinha aquela típica "comadre" nordestina que passava na porta gritando: "Olha a hora! Olha a hora!"


WALKER LIMA
Olinda, fevereiro 2009


3 comentários:

  1. Muuuuuito bons!!!!
    Eu que adoro prosa, poesia e tudo que se possa ler... Fascinante!
    Parabéns!!!

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  2. Poxa... me emocionei com as tuas palavras oriundas de lembranças que não são só tuas. Fazem parte das minhas tb, por isso sinto esse texto um tanto meu...

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