sexta-feira, 17 de junho de 2011

MINHAS HOMENAGENS


Federico Garcia Lorca


 O PÃO,  O AMOR E O COSMOS



Eu te agradeço por todas as pessoas que, por puro amor, fazem o pão.
Plantam na Terra o amor, são as imprescindíveis ditas por Brecht,
as que derramam o sal do suor sobre a terra e amam, que cuidam no cotidiano das plantas; da Natureza.  A noite, fazem o mesmo amor que fazem sob o sol e assim espalham-no sobre a terra e a torna fértil, fazendo brotar as flores que contém o polén que as abelhas necessitam,
aí temos as reminiscências do paraíso da terra que jorrava leite e mel.
Todas as coisas erguidas, construídas e conservadas: são frutos do amor.
São as vicissitudes da Criação e a lembrança do Paraíso.
Filhos de Deus; deuses somos,  e deuses habitam aqui.
Porisso agradeço o pão que está aqui nesta mesa de amor, e assim aprendo um pouco mais sobre o poder do amor.
Plantar uma semente. Amar sem hora certa,  com suor e com o sal da terra,  e ver o fruto aqui na minha frente sobre essa mesa, é o milagre. O mesmo cálcio nesse pão é semelhante ao cálcio contido nas partículas que chegam dos confins do Mundo.
Mas,  mais importante do que a Física são   os murmúrios que só o amor produz para fazer o pão sagrado.


Walker Lima
Candeias, 3 de janeiro de 2010.






Julio Cortázar




M I T O L O G I A



Lendas e estórias fabulosas
Deuses do mundo inteiro
Divindades do Sol e da Chuva
Deuses terrestres e marítimos
Amor, casamento e parto
O poder das aves e dos animais
Árvores e plantas
Fins e recomeços
Os amores divinos
Inferno e castigo.
Essas coisas todas nos levam a sentir a Vida,
principalmente nos momentos que sentimos nossos corações fora do lugar,
como se estivessem soltos como folhas de papel ao vento,
pulando num descompasso. São os momentos mais difíceis de existir porque não estamos amando,
fora do amor não há nada senão a dor.
Não há lendas, mitos e sonhos, nem antepassados,
nem continuidade, nem o fio  condutor que nos leva ao abrigo sombrio do amor.
Junto do conforto divino,
nós sentimos o caminho e o calor da pele do próximo
junto do amor
dentro do amor
sendo deuses do amor.


Walker Lima


Maria Farinha, 2 de abril de 2010.







Ernesto Sabato










Eu divido o meu pão de hoje para amanhã
poetiso minha manhã enquanto ouço o sôfrego,
barulho infernal dos mortos-vivos,
buscam a Deus aonde Ele não está.
Deixam "seus" pássaros nas gaiolas e saem para "trabalhar" sem amor.
Não levarei nada deste mundo, todavia as palavras que carregas consigo eu as coloquei com afinco em seu coração rudimentar cheio de pseudociências. Sou portanto o ghost-writer em busca das vertentes para melhor falar-te de amor, mas do mesmo modo que divido o pão, tenho que dividir o amor, senão pergunto: Como vou guardar o meu amor se o mundo anda na contramão? Dentro da microevolução?
Quero soltar o pássaro que se encontra preso por seu "amor" e comer o pão do nosso trabalho, amar o amanhecer do canto e prender quem rouba sentimentos não permitindo a Vida ir para o além.
Eu me alimento das letras, respiro as ideias e vejo o canto dos pássaros, me aficciono no labor,
invento o abstrato e resido nele.



 
Walker Lima



Olinda, 17 de junho de 2011.




Clarice Lispector























silêncio

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